Mirassol, quinta-feira, 21 de novembro de 2024
Mirassol foi fundada em 8 de setembro de 1910. Seu nome então era "São Pedro da Mata Una", devido ao padroeiro escolhido: o santo apóstolo Pedro. Em 27 de novembro de 1919 é elevada a distrito, mudando o nome para a forma atual. Foi estabelecido oficialmente como município em 23 de dezembro de 1924, desmembrado de Rio Preto. A instalação municipal verificou-se no dia 11 de março de 1925.
Não se sabe a origem exata da mudança do nome, porém é do conhecimento popular que tal nome está relacionada à grande quantidade e beleza dos girassóis encontrados por aqui. Contudo, conforme fontes oficiais, o nome Mirassol se deve ao fato de que o centro da cidade é considerado um dos pontos mais altos da região, podendo-se vislumbrar o nascer e o por-do-sol ao horizonte.
Fundada a cidade, no âmago da floresta e escolhido o seu padroeiro, deu-se-lhe o primitivo topônimo de "São Pedro da Mata-Una". Durante dois anos, conservou-se a denominação. Até que, nas ruas de Rio Preto, a ironia popular veio adulterar o primitivo nome, que ali passou a ser dito "Mata Um". Aborrecido com a alcunha, o fundador resolveu mudar-lhe o nome.
A respeito da origem do topônimo Mirassol, a versão mais aceita é a seguinte:
Passava certa feita o fundador a cavalo pelo Largo da Capelinha, onde se cultivavam roças de arroz, quando um dos enxadeiros chamou-lhe a atenção para a existência, no local, de uma touceira de plantas esguias, de cerca de dois metros de altura, e no topo das quais desabrochavam grandes flores redondas, de cor amarelo-ouro. O passante, ao divisar as flores, exclamou: "- É girassol… O roceiro retrucou: - Não é não, seu capitão. O nome dessa flor é Mirassol…"
GÊNESIS
1. "No princípio era a mata virgem. Mata-Una. A terra não estava, pois, vazia e nua, como antes do princípio...
Disse Joaquim da Costa Penha, alcunhado Capitão Neves: 'façamos uma clareira em meio da mata, derribando perobeiras e tamburis, cedros e paus d'alho. E fez-se a clareira'. E viu o fundador que a terra era boa. E ali plantou a Cruz de Cristo, para assinalar o nascimento da cidade. E o fundador chamou a cidade de "São Pedro da Mata-Una". E, de manhã à tarde, era o primeiro dia: 8 de setembro de 1910.
2. E viu, depois, que a clareira se expandia e empurrava a mata, e viu que flores de girassol desabrochavam poeticamente ao redor e já a capelinha - onde se rezara a primeira missa - resplandecia sob as bênçãos divinas, iluminada no alto do espigão pelas luzes do sol, "que toda a luz resume". E, ante o florir das flores e o luzir da luz solar, disse o fundador: "é bom que São Pedro da Mata Una, doravante, passe a chamar-se MIRASSOL". E assim se fez. E da tarde e da manhã se fez o dia seguinte. O Natal estava próximo. Era o ano de 1912.
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7. E viram os homens de Mirassol que sua obra, após o sexto dia, não se achava acabada. E disseram: 'é bom que os sedentos de justiça clamem por justiça e que nos limites geográficos do clã, entre as ribas do São José e o vale da Piedade, se distingam inocentes e culpados'. E lutaram pela sua emancipação judiciária. E longa foi a sua luta. Até que viram o município ser elevado à categoria de COMARCA. E os homens exultaram ante a figura do primeiro juiz: Dr. José Manoel Arruda. E abençoaram o dia sétimo, e o santificaram. Era 13 de junho de 1945".
A IDEIA DA FUNDAÇÃO
A cidade de Mirassol nasceu e cresceu sob a inspiração benigna de dois sertanistas indômitos: Joaquim da Costa Penha e Coronel Victor Cândido de Souza. Amigos, desde a infância, em Mutuca (hoje Elói Mendes), no sul de Minas Gerais, o destino juntou-os, em 1898, no município de Bebedouro, em cujas terras, dois anos antes (29 de junho de 1896), Joaquim da Costa Penha havia fundado Monte Azul Paulista, com a primitiva denominação de "São Bom Jesus do Avanhandavinha".
Em janeiro de 1910, o cel. Victor Cândido de Souza veio a São José do Rio Preto conhecer terras na fazenda "Sertão dos Inácios", de excelente padrão para o cultivo de café, vestidas de mata fechada e alta, que seu proprietário estava negociando em lotes. Não teve dúvidas. Adquiriu imediatamente uma gleba de 250 alqueires bem medidos, a principiar na cabeceira do córrego São José, no ponto de encontro das fazendas "Campo", "Piedade", "Três Barras" e a citada "Sertão dos Inácios". E, exatamente a 3 de fevereiro de 1910, já recebia a escritura do imóvel e dele tomava posse.
Na mesma época, Joaquim da Costa Penha permutou suas casas em Monte Azul por umas terras dos herdeiros de Pedro Amaral, nas vizinhanças da propriedade do cel. Victor Cândido de Souza.
A 23 de agosto do mesmo ano, Joaquim da Costa Penha deixava escrito em seu "Diário", precioso documento conservado no Museu de Mirassol:
"Hoje ás doze horas do dia sigo viagem para São José do Rio Preto e daquela cidade com destino ao meu sítio que é além duas léguas e 3 quatros mães au menos ali vou com pretensão de fundar a florecente e futurosa povoação de Matta-Una sita nos espigões das fazendas 3 Barras Campos Piedade Sertão dos Inácios. Hoje ás 8 horas assisti missa na Matriz desta vila, mandada celebrar ao Bom Jesus pela sra. Do sr. Joaquim Nabuco" (grafia e pontuação respeitadas).
Ambos, uma vez alojados em suas respectivas propriedades, vizinhas entre si, entraram a tomar as primeiras providências no sentido de que a cidade viesse a ser fundada.
ATA DA FUNDAÇÃO
Não obstante tratar-se de caboclo de poucas letras e desafeito à arte da escrita, teve o fundador o cuidado de registrar, em seu "Diário", a ata da fundação da primitiva Mata-Una. Aqui vai transcrito, na íntegra, o histórico documento, exatamente como o deixou escrito Joaquim da Costa Penha (Capitão Neves):
"São Pedro da Matta Una 8 de setembro de 1910. Dia da fundação da nova Povoação com a denominação de Matta Una.
No cume dos espigões que dividem as Fazendas Campo e Piedade Sertão dos Ignácio e Trez Barras ahi foi levantado o Cruzeiro para servir como Marco Perpetuo da Nova e Florecente Povoação que acaba de receber o Nome de:
MATTA UNA
Devendo também ficar signatado os Nomes das Pessoas que vão copirar com Duações de Terras e Cruzeiro e carreto emfim tudo quanto se dis respeito de Bem estar e progresso de Matta Una. Joaquim da Costa Penha, duarei a imagem S. Pedro; Victor Candido de Souza, Frederico, Antonio Martins, José Porto, José Feles, Antonio Francisco Cassimiro, João Constantino de Pontes, Joaquim Candido de Siqueira, Raul Ferreira Baptista, Joaquim da Costa Poboa, Francisco José dos Santos, Leoncar, filho de T. Martins, Brasilino Martins de Oliveira, Pedro Simão dos Santos, Faustino Candido de Oliveira, Adolpho C. de Souza, João Lupércio de Souza, José Antonio Faria, Izaias Martins Ferreira, Joaquim Pereira, Francisco Miguel, Henrique de Souza Lima, João Antonio, Manoel Paulino Pinto, Manoel Gonçalves Filho, Valdomiro Suares Faria. Foi feto do buraco para assentar a crus o sr. Sabino Antonio Pereira as 3 horas da Tarde." (fls. 38 do "Diário").
O POVOADO
Fundada a cidade, no âmago da floresta, e escolhido o seu padroeiro, deu-se-lhe o primitivo topônimo de "São Pedro da Mata-Una". Durante dois anos, conservou-se a denominação. Até que, nas ruas de Rio Preto, a ironia popular veio adulterar o primitivo nome, que ali passou a ser dito "Mata Um". Aborrecido com a alcunha, o fundador resolveu mudar-lhe o nome.
A respeito da origem do topônimo Mirassol, a versão mais aceita é a seguinte:
Passava certa feita o fundador a cavalo pelo Largo da Capelinha, onde se cultivavam roças de arroz, quando um dos enxadeiros chamou-lhe a atenção para a existência, no local, de uma touceira de plantas esguias, de cerca de dois metros de altura, e no topo das quais desabrochavam grandes flores redondas, de cor amarelo-ouro. O passante, ao divisar as flores, exclamou:
- É girassol...
O roceiro retrucou:
- Não é não, seu capitão. O nome dessa flor é Mirassol...
CURIOSIDADES
Primeiro morador - Manoel Pedro (anterior à fundação da cidade);
Primeiro comerciante - Miguel Anacleto Mendes - 1912;
Primeiro dentista - Sincero Braga (dentista-prático) - 1914;
Primeiro subdiretório político - Partido Republicano Paulista - 1915;
Primeiro Vereador - Victor Cândido de Souza (Rio Preto) - 1914;
Primeiro escrivão de paz - Sebastião Almeida Amazonas - 1920;
Primeiro subprefeito - Capitão Antonio Fidelis - 1920 a 1924;
Primeiro prefeito - Cel. Victor Cândido de Souza - 1925;
Primeiro juiz de paz - Modesto José Moreira - 1920;
Primeiro registro de nascimento - Joana, filha de Eliseu Mardegan e d. Nicolásia Arroio Mardegan, nascida em 25/03/1920 e registrada a 03/04/1920;
Primeiro assentamento de óbito - Arthur, falecido aos quatro meses de idade, filho de Evaristo Eduardo e d. Maria Cândida de Jesus - 03/04/1920;
Primeiro registro de casamento - José Ferreira da Silva e Alzira de Souza Coelho - 22/04/1920;
Primeira escritura imobiliária - Antonio Francisco Cassimiro - 05/04/1920 (valor da transação: 4 contos de réis).
(Texto resumido da obra do historiador mirassolense Ariovaldo Corrêa, intitulada "Mirassol - Estruturas e Gravuras")
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